Novo jeito de aprender matemática

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O ensino de matemática sempre foi um desafio para os professores e para a maioria dos educandos um castigo. O ensino de matemática é considerado desafio, pois objetiva superar o ensino da disciplina que na maioria das vezes ocorre de maneira tradicional, conteudista e desconectada da realidade dos educandos e aos professores o fardo de como ensinar os conceitos matemáticos de maneira que os alunos se interessem e realmente aprendam.

É considerado castigo, pois todos os anos dezenas de alunos reprovam nesta disciplina, o próprio IDEB revela resultados desanimadores, isso pelas dificuldades que muitos educandos apresentam em relação ao ensino e aprendizagem da disciplina de matemática.

Surge então, o desafio em ensinar a matemática de maneira lúdica para que os alunos possam aprender de maneira envolvente e principalmente para que o ensino da disciplina seja voltado à formação do cidadão, que cada vez mais utiliza os conceitos matemáticos em seu cotidiano.

 A história do ensino da disciplina de matemática sempre esteve ligado ao desinteresse por parte dos educandos, da dificuldade em compreender os conceitos matemáticos, na falta de formação dos profissionais que precisam se especializar e aprender novas metodologias para cativar os alunos e alunas quanto ao ensino desta disciplina tão temida.

Esta tamanha dificuldade enfrentada tanto pelos educadores quanto pelos educandos tem uma explicação muito simples: o distanciamento entre a teoria e a prática pois, de um lado ficam os professores de maneira expositiva repassando fórmulas e do outro lado ficam os alunos questionando se usarão tais fórmulas e números algum dia, ambos não percebem que para garantir a aprendizagem faz-se necessário que tal conteúdo tenha significado e seja percebido como algo presente no cotidiano.

Os obstáculos a serem superados não param por aí, existe ainda o uso de uma ferramenta que vem ganhando espaço a cada dia: a tecnologia.

Os educandos cada vez mais estão inseridos no mundo informatizado com a inclusão digital, deixando a maioria dos educadores para trás, assim o professor depara- se com mais uma dificuldade, como utilizar a tecnologia a seu favor para ensinar a matemática. Aqui surge o desafio em se especializar e utilizar esta ferramenta para garantir a aprendizagem.

Assim, este artigo intitulado: “BRINQUEDOS DE CONTAR: NOVOS DESAFIOS PARA ENSINAR MATEMÁTICA” tem por objetivo refletir algumas possibilidades para refazer a práxis pedagógica do educador, pois é possível sim, ensinar a matemática de maneira lúdica e através do cotidiano, levando o aluno a perceber que a matemática está presente em nossas vidas e por conseguinte é muito necessária.

Então, analisaremos três tópicos essenciais para compreender as dificuldades que cercam o ensino da matemática e as possibilidades para superarmos estes desafios.

No primeiro tópico, analisaremos a trajetória do ensino de matemática em nosso país, bem como os conceitos que permeiam esta disciplina.

Em seguida, explanaremos sobre o uso da tecnologia (inclusão digital) como aliada do professor para romper com as dificuldades que o ensino da matemática apresenta.

No último tópico, veremos como os brinquedos de contar podem de maneira lúdica e significativa colaborar com o ensino e a aprendizagem da disciplina de matemática.

Nas considerações finais, refletiremos sobre a necessidade de mostrar ao aluno a importância da matemática, sua função social, para que o mesmo perceba que a matemática faz parte de sua vida.

O ENSINO DA MATEMÁTICA E SUA TRAJETÓRIA

O currículo escolar sem dúvida, é um dos documentos mais importantes que a escola deve conter; com ele o professor tem um norte a seguir, consegue estabelecer metodologias de trabalho e traçar objetivos a serem alcançados. O currículo serve ainda aos educandos e aos pais para mostrar que este mesmo documento deve garantir o ensino de conteúdos essenciais para o sucesso a cada etapa pelo qual o aluno ou aluna tem a percorrer em sua vida escolar.

Para compreendermos melhor a importância do currículo dentro da escola e por conseguinte sua contribuição para que haja uma educação de qualidade é que veremos o conceito da palavra currículo tanto em um visão tradicional quanto em uma visão mais crítica, verificando assim que tão importante é a elaboração do currículo e mais ainda, que esta elaboração ocorra em um espaço democrático para não acontecer que este documento torne-se meramente burocrático, inacessível e documento a ser engavetado.

 

O currículo por muito tempo foi documento produzido unicamente pelas secretarias das escolas, sem a participação efetiva da comunidade escolar, até mesmo porque sua finalidade era bem restrita, sem considerar com relevância a aprendizagem dos educandos, pois não se percebia as necessidades, tão pouco a realidade dos mesmos na elaboração do currículo.

Conforme pesquisa no minidicionário Houaiss (2004, p. 205), o currículo é “a programação de um curso ou de matéria a ser examinada”. Como podemos observar neste conceito de currículo a única preocupação é com o conteúdo, como se o currículo fosse engessado, sem flexibilidade às mudanças ou ainda pudesse ser confundido com as disciplinas a serem trabalhadas, percebemos ainda que neste conceito de currículo não fica explícito a participação dos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, assim mostrando-se inteiramente tradicional.

Em uma abordagem mais crítica e atual que considera a construção da aprendizagem e valoriza o educando, “o currículo é um instrumento que deve levar em conta as diversas possibilidades de aprendizagem não só no que concerne à seleção de metas e conteúdos, mas também na maneira de planejar as atividades”, assim nos relata Araújo (2008, p. 32).

De acordo com esta abordagem o currículo não deve ser um documento desconhecido por todos, mas que precisa ser revisto permanentemente para que possa adaptar-se constantemente as necessidades que forem surgindo, tão pouco o currículo restringe-se a um lista de disciplinas e conteúdos a serem trabalhados e sim ser visto como um documento norteador para que se saiba o que e como ensinar, para que se tenha a consciência do que se está aprendendo e para que se está aprendendo.

E, com isso podemos perceber um passo importante na elaboração de um currículo que contemple a real necessidade dos educandos que é a participação efetiva de todos os envolvidos neste processo, ou seja, a participação de toda a comunidade escolar.

Para que esse objetivo proposto por esta abordagem seja alcançado faz-se necessário “um currículo completo e elaborado coletivamente, pois é indispensável em redes que fazem questão de garantir o avanço dos alunos”, assim nos relata Araújo (2008, p. 32).

E, é pela qualidade do ensino que a promoção de um espaço democrático faz-se tão necessária e importante, pois com a participação de toda a comunidade escolar garante-se que todos estejam conscientes e sintam-se atuantes no processo de elaboração do currículo e de melhorias em prol da educação.

TECNOLOGIA ENSINANDO MATEMÁTICA

 O processo de ensino-aprendizagem é fundamental para estabelecer a função social da educação, é assim, neste processo de ensino-aprendizagem que averiguamos se a proposta e a elaboração do currículo escolar realmente estão contribuindo com o ensino e com a aprendizagem dos alunos e alunas.

Precisamos ressaltar que para que haja sucesso no processo de ensino e aprendizagem, faz-se necessário e relevante refletir alguns aspectos que colaboram com o acesso, a permanência e o sucesso dos educandos.

O comprometimento por parte dos envolvidos com a educação é um fator determinante para a garantia no sucesso dos alunos, cabe a escola buscar alternativas, oferecer oportunidades para que ocorra a aprendizagem e se isso não ocorrer é ainda papel da escola mediar encaminhamentos para que as dificuldades sejam superadas, é o que nos confirma Gadotti (2003, p. 54) “Ensinar é mobilizar o desejo de prender. Mais do que saber é nunca perder a capacidade de aprender. Só aprendemos quando aquilo que aprendemos é significativo para nós e nos envolvemos”.

Outro fator relevante é a preocupação que a escola deve ter com a aquisição de conhecimentos, com a formação de habilidades e de hábitos por parte dos educandos, Luckesi (1994, p. 139), nos diz que: “A escola é a instância mediadora desse processo, ela é o lugar onde, através de um currículo e de uma prática pedagógica, as crianças, os jovens e os adultos recebem e assimilam o legado da cultura elaborada, compreendendo e reelaborando o seu cotidiano”.

BRINQUEDOS DE CONTAR

  O tema inclusão escolar vem para tratar da palavra inclusão como um todo, ou melhor para contemplar a todos e as todas e aqueles que de maneira geral sofrem com a exclusão.

Como vimos anteriormente uma da funções da educação é propiciar um espaço democrático, possibilitador de direitos iguais para seres que são diferentes e, que por isso o respeito as individualidades se faz tão necessário e essencial não somente no espaço escolar como em todos os segmentos da sociedade.

Historicamente, observamos certa dificuldade em tratarmos de temáticas como o preconceito racial, a discriminação étnica e das pessoas com necessidades especiais, tudo porque aquilo que consideramos diferente nos cause receio, estranhamento e até mesmo medo, medo de assumir o quanto somos preconceituosos, o quanto precisamos vencer as barreiras que impedem que todos possam ter acesso ao direito de estudar e de aprender e de viver em comunidade.

Esse processo discriminatório traz grandes prejuízos aos envolvidos com o processo de ensino e aprendizagem e com o processo de interação, pois de acordo com Viana (2004,

65), “Essas atitudes representam a violação dos direitos dos alunos, professores, funcionários discriminados, trazendo consigo obstáculos ao processo educacional, pelo sofrimento e constrangimento a que essas pessoas se veem expostas”.

Assim, é também função social da escola estar voltada a formação e experimentação de valores morais como o respeito, a tolerância, a solidariedade, a justiça, a honestidade, a compreensão que, entre outros, devem ser estudados como forma de conteúdos e temas que despertem reflexão frente a situações que podem vir a ocorrer.

Para que os educandos sintam-se realmente integrados em um espaço inclusivo, faz-se necessário um trabalho que realmente o faça sentir-se incluído e aceito pelo grupo que o cerca. “Ao fornecer modelos positivos às crianças e aos jovens, a escola investe na formação de identidades positivas e, portanto, facilitadoras de aprendizagens”.(LOPES, 2006, p. 255).

Concluímos e percebemos que a função da educação realmente não é muito fácil de ser delimitada, ou seja, é bem abrangente, pois sobre a educação recai uma grande responsabilidade, a de transformar, a de libertar, a de conscientizar e tantas outras palavras que aqui poderiam ser utilizadas.

O grande desafio da educação talvez seja fazer com que os conteúdos que se ensina estabeleçam relações significativas com os interesses dos alunos, romper com o tradicionalismo e acreditar que é possível transformar nossa sociedade através da educação, assim precisamos desmitificar o medo da matemática, a falta de motivação para aprender uma disciplina que está inserida em nossa vida cotidiana, que faz toda a diferença, aprender para a vida e a tecnologia pode ser grande aliada nesta tarefa.